sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Blindagem (1981-1990)

Este é, sem dúvida, um dos discos mais importantes na carreira musical de Leminski. Aliás, não apenas da carreira musical, mas da carreira artística como um todo.
Muitos são os motivos para tal. O primeiro deles, pode-se destacar, é cronológico. Esse é o verdadeiro embrião do Leminski enquanto "poeta da música" (até então apenas poeta dos livros), que se revelaria, a partir daqui, um letrista assíduo. É com o contato com a banda A Chave, posteriormente com a banda Blindagem, que nasce o poeta letrista.
E aqui não estamos falando de "apenas" um começo. Este foi, é bom que se frise, um começo extremamente profícuo. Daí o segundo fator de destaque para o disco. Das 9 faixas, 7 possuem letras de Leminski. Isso torna as parcerias com a banda Blindagem (nomeadamente com Ivo Rodrigues, vocalista), a segunda maior, em número de canções, de todas as parecerias do poeta "punk parnasiano". Perdendo apenas para as parcerias com Moraes Moreira, que somam um total de 12 canções.
O terceiro fator que podemos destacar deste Lp, é o caráter das letras - contraculturais - muito próximas àquilo que Leminski já vinha curtido nos meados de 1960. A besta dos pinheiras, à época, já tinha se deixado influenciar por Dylan, Beatles, Jefferson Airplane, Ginsberg, Sartre. As letras que criou para a banda, são, todas, de caráter contestador e irreverente. Leminski, surfando na onda contracultural, passa às letras de uma banda de rock, com precisão, tudo o que o próprio estilo pede.
O poeta, é preciso dizer, por vezes, teve dúvidas quando a sua atuação em "rockinhos fuleiros". Um intelectual como ele? Será que valeria a pena? Hoje, sabemos que valeu e ele, queremos acreditar, também o soube. Suas investidas na música popular deram maior visibilidade à sua figura, mesmo à sua figura estritamente literária. Isso funcionou também como uma ponte, para que um público talvez não tão familiarizado com poesias concretas e prosas experimentais, como o Catatau, chegasse até ele.
A música, portanto, também desempenha, até hoje, o papel de manter vivos os seus versos.
Há que se comentar, ainda, que este disco foi lançado duas vezes. Originalmente lançado em 1981, foi relançado em 1990, com duas faixas adicionais: Verdura (letra e música de Leminski) e Se Houver Céu, também de autoria única do poeta, cantada pelo próprio, a capella. O álbum foi também lançado em CD remasterizado. É esse o áudio que está disponível no link. As imagens são do primeiro Lp, de 1981.

Encarte interno do disco. O texto não está assinado, mas apostamos que é de Leminski.

lmsk (mp3 + imagens)

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