sexta-feira, 3 de maio de 2013

Itamar Assumpção - intercontinental! quem diria! era só o que faltava!!! (1988)

Esse disco vai dar um certo pano pra manga. Tem bastante coisa pra falar. Vamos começar, então, pela música. É nesse disco de Itamar que foi lançada a primeira gravação da canção Filho de Santa Maria, de Leminski. Letra e música dele. A parte final da letra, a partir de "hoje eu saí lá fora...", é uma complementação feita por Itamar. Além dessa primeira gravação, há ainda mais quatro registros: pelo Quarteto Repercussão, no disco Som Mestiço; por Zizi Possi e Marcos Suzano, no disco Mais Simples; pelo grupo londrinense Beco, no disco Beco; e pelo Bernardo Pellegrini e o Bando do Cão Sem Dono, no disco Quero Seu Endereço. Vou comentar a particularidade de todas quando das suas devidas postagens. Uma coisa interessante, particularidade geral, é que essa é uma das músicas de Leminski com mais gravações. Na verdade, só se equipara a Verdura, que também te cinco gravações, sendo que duas são de Arnaldo Antunes, uma de estúdio e outra ao vivo. Levando por esse sentido, Filho de Santa Maria seria a primeira no ranking de gravações, por que tem cinco gravações de artistas diferentes. Ela ainda foi publicada no livro de canções de Itamar, com letra, partitura e cifra. Aliás, é única música do livro de dois volumes que não é do Nego Dito.
Não tenho muito pra comentar da canção em si. Letra pequena, acordes simples. Numa espécie de apologia ao pecado, não deixa de ser uma crítica ao cristianismo, arraigado a idéia de culpa, embotando, por vezes, um pouco da liberdade natural e do lirismo nesse planeta terra.
Há ainda mais duas particularidades neste disco com relação a Leminski. Na faixa Pesquisa de Mercado I o seu nome é citado, ao lado do escritor/músico kaótico Jorge Mautner. "...perguntar se Leminski, Mautner tens lido e ouvido..." Muito bem colocado o "ouvido", sendo que no próprio disco há uma música do poeta curitibano, com quem Itamar Assumpção já vinha ensaiando algumas e ainda criaria mais.
Outro fato importante nesse disco é a apresentação do mesmo, feita pelo próprio Leminski. O texto, com uma astuta sacada trocadilhesca, intitulou-se "Por Itamares Nunca Dantes Navegados". O mote vai ser o fato desse ser o primeira disco de Itamar não independente, saindo agora por uma grande gavadora, a Intercontinental. Você encontra o texto nesse mesmo blog aqui.
Pra fechar, gostaria de recomendar também outras faixas do Lp. Eu gosto de: Adeus Pantanal (temática verde, vai pro meu blog sobre o filme La Belle Verte); Maremoto no Coração (um sambão, com melodia bastante "musical", que foge um pouco da tendência do canto-falado da estética de Itamar, muito próxima, eu acho, do sprechgesang de Schoenberg); Mal menor (lembra a frase clássica de Guimarães Rosa, "Viver é perigoso"); e Zé Pelintra, um clássico.

lmsk (mp3 do CD + imagens do Lp)

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